Na verdade tudo isso é uma grande brincadeira, pois a região era literalmente uma ilha cortada por canais. Tanto assim que um dos locais da região chama-se "Portinho", exatamente porque era um porto situado às margens do Rio Portinho outrora navegável, onde eram carregados os produtos agrícolas da região que abasteciam a colônia. Outro fato que comprova a real situação do lugar é a menção de tal "Engenho da Ilha" ainda na época do império. A proximidade da maré até bem pouco tempo era observada no "Caminho do Mangue", onde hoje estão localizados alguns condomínios e sítios de interesse turístico. A Rua Brandt Hora com seus condomínios de luxo, só existe, por conta de sucessivos aterros que podem ser observados na linha do tempo do Google Earth.
Enfim, toda essa narrativa é para ilustrar a situação delicada quando se fala em drenagem de águas pluviais na região. Vimos alertando há algum tempo a necessidade de estudos criteriosos e obras generosas quando o assunto é drenagem da região por conta dessa intervenção urbanística realizada pela Transoeste. Isso não são teoria nem suposição, isto é um fato que pode ser observado nessa chuvinha dos últimos dias. O que se viu foram ruas inundadas e pessoas prejudicadas. Hoje está começando a acontecer aqui o que se via na Praça da Bandeira e regiões próximas por conta das intervenções mal feitas no passado. Hoje quando se fala das enchentes na Praça da Bandeira culpam-se as administrações anteriores que não viram a banheira que existia ali.
Hoje o que estamos vendo na região de Ilha de Guaratiba é uma total desconsideração pela população local. Levanta-se o leito da rodovia. Uma linda, plana e reta via de acesso a Santa Cruz e Angra dos Reis, e a população que ficou em baixo, no nível da maré, teve seus canais bloqueados com obras tímidas de drenagem e desvio de águas pluviais. Estaremos daqui a algum tempo sofrendo com cheias constantes como as que vemos em outros locais da cidade. É bem verdade que por estarmos ao lado da linha costeira essa cheia será rapidamente escoada pela força mesmo das águas, mas o estrago já teria sido feito pelo caminho.
Espera-se que a Rio Águas, com discernimento e boa vontade, se ocupe um pouco mais em estudar o problema de perto e ter em conta que a região era realmente uma ilha cortada por canais, e como tal necessita desses canais de drenagem, mesmo que estejam debaixo da terra para drenar a água que cai do céu e escorre da montanha. A Estrada Roberto Burle Marx e a Rua Teodoreto de Camargo foram as mais prejudicadas pelas obras. Entretanto como uma das estações BRT ficará bem em cima de uma das linhas de drenagem, espera-se que a mesma seja suficiente para que a população molhe apenas os sapatos ao enfrentar uma chuva extemporânea como as desses dias.Segundo um dos moradores da Rua Teodoreto de Camargo, Sr. Luís Carlos Pereira Bittencourt, um dos prejudicados na última chuva, ao reclamar com os engenheiros da Construtora Odebretch, responsável pela obra, recebeu como resposta que o problema não era deles e sim da Rio Águas.
- "Conversei com o Dr. Maurício, responsável pelas obras de drenagem da estrada e com o Dr. Vitor, engenheiro responsável pela obra, que me disse que a empresa não podia fazer nada com relação a drenagem das áreas adjacentes, que isso era uma responsabilidade da Rio-Águas. Afinal, a construtora ou a Rio Águas, alguém precisa se interessar pelo assunto e resolver o problema antes que a obra seja entregue e tudo fique por isso mesmo", lamenta o morador.
Fonte Portal de guaratiba
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