História de Guaratiba

1. Texto do Inventário Turístico da Zona Oeste - AP.5 - RIOTUR.

Guaratiba

Região inicialmente chamada de “Guratiba-Aitinga”, ou “Aratuquacima”, é uma palavra indígena usada pelos tupinambás, que habitavam o nosso litoral á época do descobrimento. Sua definição é “lugar onde há grande quantidade de garças/garceiro.” É fácil perceber que o vocábulo surgiu de outros dois: “guará”, que quer dizer “ave”; e “tiba”, que significa “lugar onde há muita coisa reunida.” Daí: “Guaratiba”. Esta definição é uma realidade, pois até hoje ainda nos encanta a reunião de garças Brancas, nos, manguesais da região.

Atualmente a região destaca-se também, além de sua interessante paisagem, pela variedade de bares e restaurantes especializados em frutos-do-mar.

Barra de Guaratiba

Distante cerca de sessenta quilômetros do centro do Rio de Janeiro e trinta do subúrbio de Campo Grande, Barra de Guaratiba é um dos mais belos e encantadores recantos da região. Quem a vir pela primeira vez, fica maravilhado; quem já a conhece não se cansa de contemplá-la.

Ao penetrar na Barra de Guaratiba, vê-se em primeiro plano, as pontes que ligam a região á Restinga da Marambaia; mais adiante o morro da Espia, de onde se descortina o horizonte, e, embaixo, a sua pequena praia banhando o pé do morro.

Do morro da Espia, com o mar agitado, vê-se um imenso lençol de espuma causado pelas constantes ondas que quebram e rolam até guiriri (espécie de planta que cobre toda a extensão da restinga e produz pequenos cocos), época em que os surfistas aproveitam para estar na crista de todas as ondas, ou penetrando nos “tubos” que ali se formam.

Com o mar morto, a enseada da praia da Barra de Guaratiba serve de porto para as embarcações, principalmente as traineiras que são ancoradas durante as horas de folga dos pescadores.

Na praia, o intercâmbio das canoas e barcos que saem e chegam para a pesca ou passeio é um espetáculo de encher os olhos de quem vê. A acolhida e hospitalidade de seu povo completa a sua beleza.

Linda paisagem possui a região e já tem servido de cenário para filmes e novelas. Uma “cidade cenário” foi fundada ali pela TV Globo, e casas comerciais já usam o nome “Gabriela”, que deu título a uma novela. Artistas famosos freqüentam a cidade e consequentemente também Guaratiba, prestigiando sobremaneira os seus habitantes.É onde fica localizado o Sítio Roberto Burle Marx, que foi doado á fundação Nacional Pró-memória pelo seu fundador.

Desde os seus primórdios há o que contar. Lugar pequeno e pacato, tudo que acontecia era comentado de esquina em esquina. As reuniões sociais se verificavam nos cultos religiosos ou nas tocatas (ciranda ou bares), nas casas dos amigos, e, uma vez por ano, nas festas dos Padroeiros: Nossa Senhora das Dores, que é venerada em sua igreja, na Barra de Guaratiba; nossa Senhora da Saúde em sua igreja no alto do morro da vendinha, a mais antiga; São Pedro- protetor dos pescadores- é festejada também nas praias e constitui numa das melhores festas pelas competições que programam: natação, remo, procissão marítima, cabo de guerra, futebol entre casados e solteiros e inúmeras outras brincadeiras; São Sebastião, no dia vinte de janeiro, é festejado em qualquer uma das igrejas não faltando, em todas elas o leilão de prendas.

A veneração aos santos padroeiros é seguida de maneira especial, já vindo dos antigos seguimentos a esse preceito religioso, pela maneira como começou a ser instalada a população da Barra de Guaratiba.

Primeiros Habitantes

Nos registros pertencentes a matriz de São Salvador do Mundo da Freguesia de Guaratiba, consta que a região da Barra de Guaratiba começou a ser habitada a partir de março de 1579, quando Manoel Velloso Espinha, morador da Vila dos Santos, que lutou ao lado de Estácio da Sá contra os Tamoios, requereu à Coroa portuguesa a doação de uma sesmaria ( medida de terras com que o rei de Portugal agraciava os seus colonos mais fiéis), situada ao norte da ilha chamada Marambaia da Barra (hoje Restinga de Marambaia), ao longo da costa, com duas léguas de comprimento e outras tantas em direção ao sertão, e mais uma ilha de nome Guratiba-Aitinga ou Aratuquacima (hoje Barra de Guaratiba), com todas as águas, entradas e saídas, visto estarem devolutas povoadas, segundo instruções de sua alteza para povoar o Rio de Janeiro.

O referido cidadão justificou o seu pedido de doação, alegando ter usado um navio de sua propriedade, e a sua custa, com sua gente, mais escravos, com muita despesa, conquistando para a Coroa Portuguesa o rio Tamoio-Franceses e Cabo Frio, além de ter contribuído para a derrota dos Tamoios ao lado de Estácio de Sá.

A doação foi concebida, sob a exigência de que o donatário povoasse as terras dentro de um prazo máximo de três anos, com seus herdeiros, ascendentes e descendentes, sem tributo algum, a não ser dizimo devido a Deus e pago à igreja.

Não resta a menor dúvida de que começou a partir dessa época a ocupação das terra de Guaratiba, pelo homem branco, e a formação de seu povo.

A partir do ano de 1750- cento e setenta e um anos depois, Dom Fradique de Quevedo Rondon na época donatário das terras, doou parte delas á matriz de São Salvador do Mundo da Freguesia de Guaratiba.

Desembarque de Invasores

Louvado em anotações feitas pelo guaratibano Almir de Carvalho , consta que há fortes indícios de que foi em Barra de Guaratiba que os invasores franceses desembarcaram em 1710, quando o corsário Duclerc percebeu que não poderia vencer a barreira de fogo da Fortaleza de Santa Cruz, para penetrar na Baía de Guanabara. Há fortes indícios, também de que a restinga de Marambaia foi utilizada como local de concentração do tráfico negreiro do século XVIII.

A divisão do Patrimônio histórico, diante das evidências, considerou-a semelhante á região da Barra de Guaratiba, depois de ter examinado uma reprodução do local de desembarque,

A pesquisa teve início quando, estudando a cultura cafeeira na província, tomou conhecimento de que o latifundiário José Joaquim de Souza Breves envolveu-se no comercio do café, para tanto adquirindo a ilha de Marambaia, local utilizado como porto de embarque e desembarque, e, bastante adequado ao acolhimento de embarcações negreiras.

Pedra de Guaratiba

A denominação “Pedra de Guaratiba” teve sua origem na partilha das terras da região de Barra de Guaratiba pelos herdeiros do seu primeiro donatário, o português Manoel Velloso Espinha.

Com a morte de Manoel Velloso Espinha, seus dois filhos Jerônimo Velloso Cubas e Manoel Espinha Filho herdaram a Freguesia de Guaratiba. Através de mútuo consentimento resolveram dividir enter eles as terras herdadas do pai, ficando Jerônimo com a parte norte e Manoel com a parte Leste, tendo o rio Piraquê como marco divisório.

Jerônimo Velloso Cubas, não tendo herdeiros, pela lei foi forçado a doar sua parte à província Carmelitana Fluminense, uma congregação religiosa de frades da Ordem do Carmo. A congregação carmelitana de posse religiosa das terras, fez construir diversas benfeitorias entre as quais, igreja, noviciato e um engenho.

No engenho havia uma grande produção de açúcar, rapadura e um vasto canavial, proporcionando dessa forma um rápido desenvolvimento à região, em cuja área surgiu a Fazenda da Pedra, região hoje denominada Pedra de Guaratiba, atualmente grande produtora de pescado, e hospedeira da Fundação Xuxa Meneghel Há também a graciosa igreja Nossa Senhora do Desterro, uma das mais antigas da cidade, construída a beira mar. Foi tombada pelo IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

2. Texto de Sinvaldo do Nascimento Souza, Coordenador do Curso de Turismo, Faculdade Machado de Assis

Guaratiba é antiquíssima ! Há registros cientificamente comprovados de que aquela região da Zona Oeste do Rio de Janeiro já era habitada pelo homem, há algumas centenas de anos antes da chegada de Manuel Veloso de Espinha, Jerônimo Veloso Cubas e outros portugueses que ocuparam as terras, como sesmeiros.

O Sambaqui Zé Espinho (seria uma referência a Manuel Veloso ? ) já se tornou internacionalmente conhecido graças aos estudos da professora e arqueóloga Lina Maria Kneip, da UFRJ, e sua eclética equipe de cientistas, que já publicaram obras como “Pré-História do Estado do Rio de Janeiro”; “Brasil antes do descobrimento” e, principalmente, “Coletores e Pescadores Pré-Históricos de Guaratiba”, em co-edição da UFRJ/EDUFF, que aborda os aspectos geológicos, botânicos, arqueológicos, zoológicos e de Antropologia Física, do sítio litorâneo estudado com a seriedade científica indispensável durante pelo menos vinte anos.

Dessa fase pré-histórica restaram alguns artefatos de ossos, de pedra e conchas, além de esqueletos, que tornaram possível um estudo antropológico das populações que permitem, por exemplo, afirmar que a estatura média do homem que vivia na região era de 1,63 m e da mulher em torno de 1,52 m e, ao contrário do “Homem de Lagoa Santa” (MG), com acentuado desgaste dos dentes, o primitivo habitante de Guaratiba praticamente não tinha cáries, em conseqüência de uma alimentação rica em cálcio e sais minerais.

A História oficial da região tem início por volta de 1580, quando Manoel Veloso de Espinha, casado com a filha de Brás Cubas, Jerônima Cubas, vem morar na recém constituída Sesmaria de Guaratiba, com toda a sua família, que passou a administrar engenhos de produção e exportação do açúcar e aguardente.

Veloso Espinha chegou a ocupar o importante cargo de oficial da Câmara da Cidade de São Sebastião, de acordo com Elysio Belchior, no livro “Conquistadores e Povoadores do Rio de Janeiro”, que também se refere aos dois filhos do fundador de Guaratiba: Manuel Veloso de Espinha (filho), senhor todo poderoso de engenhos na região e Provedor da Santa Casa de Misericórdia, de 1646 a 1648, e Jerônimo Veloso Cubas, que ocupou as terras vizinhas à Fazenda de Santa Cruz, então administrada pelos padres Jesuítas, nos limites da Ilha de Guaraqueçaba. Jerônimo foi encarregado pela família de fazer a doação de uma parte da sesmaria para a Igreja, onde mais tarde seria construída uma pequena ermida.

A respeito da construção da igrejinha, que ainda hoje resiste como patrimônio arquitetônico mais antigo de toda a Zona Oeste, há uma lenda remota, narrada por Eduardo Marques Peixoto no volume III, tomo especial da Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, de 1939, que fala a respeito de uma índia cega e doente que vivia com o casal Jerônimo Veloso Cubas e Beatriz Álvares Gago. Segundo a narrativa de Marques Peixoto, “a velha índia passou a enxergar e ficou completamente curada, após convencer seus patrões de que havia recebido uma mensagem de Nossa Senhora para que fosse construída uma capela no lugar onde existia uma plantação de cravos. Com a imagem de Nossa Senhora do Desterro já entronizada no altar-mór, foi colocado entre suas mãos um pendão com três cravos que permaneceram vivos durante muitos anos”, conclui a lenda.

A atual igreja de Nossa Senhora do Desterro de Pedra de Guaratiba, teve origem no século XVII e passou por inúmeras reformas. Os azulejos da fachada não são originais, pois foram colocados no século XIX. Seu tombamento a nível nacional ocorreu no dia 21 de julho de 1938, o que vem comprovar sua importância arquitetônica, artística e histórica para a Zona Oeste e para o Rio de Janeiro.

3. Texto retirado da História dos Bairros do Site Armazenzinho da Prefeitura do Rio

Em indígena, significa “abundância de guarás”, aves aquáticas pernaltas. A Freguesia de Guaratiba foi criada em 1755, com terras desmembradas da Freguesia de Irajá, por iniciativa de Dom José de Barros Alarcão.

Em Guaratiba, existiam importantes engenhos, como o Engenho Novo, o Engenho de Fora, o do Morgado, o da Ilha, o da Bica e o da Pedra. Duas de suas maiores capelas eram a de Santo Antônio (Engenho da Bica) e a de São Salvador do Mundo, de 1773, doada pelo Capitão Francisco Pais Ferreira, proprietário do Engenho de Fora.

Numa disputa entre Francisco Macedo Vasconcelos, do Engenho do Morgado, e Ana Sá Freire, do Engenho da Ilha, foi aberto um caminho pelo Engenho Novo que se converteu em Estrada Geral, surgindo nela novos engenhos. No bairro há um largo, uma estrada e um morro com a denominação Ilha. Uma das versões é de que “ilha”, seria uma corruptela de William, nome de um oficial inglês da frota de Dom João VI em 1808, que se instalou no local.

Após o ciclo do açúcar e aguardentes em seus engenhos, surgiu a cultura do café, e a fazenda do Engenho Novo, de Pedro Dauvereau, foi a primeira fazenda carioca a usar maquinaria moderna importada. No Governo Washington Luís, o prefeito Antonio Prado Junior levou a Guaratiba, sua primeira estrada moderna, a da Grota Funda, com sinuosas curvas, que dava acesso à baixada de Jacarepaguá. Na década de 1970, foi construída a estrada Rio-Santos, atual Avenida das Américas, cruzando a extensa baixada. Existiu uma linha de bondes ligando Campo Grande ao largo da Ilha.

Grande parte de Guaratiba é ocupada por manguezais que chegam até a orla da Baía de Sepetiba e formam importante ecossistema, com viveiro de peixes e crustáceos. No Bairro foi implantado o atual Centro Tecnológico do Exército. Em sua baixada, atravessada pelos rios Piraquê e Cabuçu, destacando-se os jardins Maravilha, Garrido, Guaratiba, Cinco Marias e Piaí, todos da década de 1950/1960.

Nota: A denominação, delimitação e codificação do Bairro foi estabelecida pelo Decreto Nº 3158, de 23 de julho de 1981 com alterações do Decreto Nº 5280, de 23 de agosto de 1985.

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